quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Quilombo

Semana passada, no peixe do Ratinho, conheci o Carneiro, que é uma pessoa envolvida com o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo. Resistência pura! Vou contar um pouco dessa história.

O GRANES Quilombo surgiu de uma dissidência da Portela, em 1975. Candeia foi o líder do surgimento do Quilombo. Sua localização é Fazenda Botafogo/Acari. Eram dois princípios básicos: valorizar a cultura negra em tudo o que se refere as suas aspirações e a manifestação da arte popular. Com mais um diferencial: seu estatuto prevê que a escola desfile, mas não participe da disputa do carnaval. É uma apresentação cultural. Naquela época, Candeia afirmava que a disputa anual pelo campeonato das escolas prejudicaria a cultura do samba. Ele não estava gostando das regras que eram ditadas pelos organizadores, nem das imposições dos patrocinadores, nem da mídia. Para ele, o desfile era da comunidade, não das celebridades.

Desde sua fundação, os dirigentes não aceitam ajuda financeira que tenha como contrapartida o mando sobre atividades quilombolas. Candeia chegou a recusar 20 mil dólares de uma ONG americana, que queria gerenciar o projeto. O dinheiro para a montagem dos desfiles era dado pelo próprio Candeia ou arrecadado em shows promovidos em benefício da escola.

“Estou chegando ... Respeito mitos e tradições. Trago um canto negro. Busco a liberdade. Não admito moldes. Minhas portas estão abertas. Entre com cuidado. Aqui, todos podem colaborar. Ninguém pode imperar”, dizia Candeia, que para realizar seu sonho recebeu a ajuda de parceiros como Paulinho da Viola, Monarco, Elton Medeiros e o ator Jorge Coutinho.

Na época da escravatura, a região de Acari era onde os escravos se refugiavam. Nesta localidade, a cultura negra está presente em diversos lugares. Os CIEPs do local homenageiam negros em seus nomes: Zumbi dos Palmares, Nizinha Rainha da Angola, João Batista Matos e Antonio Candeia Filho. A avenida principal, que antes era chamada Automóvel Clube, virou Pastor Martin Luther King.
A luta quilombola de defesa de seus ideais e existência é constante e, me parece, que a comunidade local é grande incentivadora.

Pois bem, todo segundo sábado do mês, o Quilombo faz roda de samba. Ainda não estive lá, mas dá pra prever a energia de luta e resistência que o lugar transmite. A entrada é franca e a cerveja barata. Sábado agora tem. Porém, segundo o Carneiro, dia 22 desse mês é que vai ser o bicho! É que vai ter comemoração dos 75 anos que Candeia faria, se estivesse vivo.
Pra chegar lá, bastar descer na estação Fazenda Botafogo do metrô, linha 2. O Quilombo fica em frente à estação.

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