terça-feira, 24 de novembro de 2009

Dia do Samba

Hoje, vamos saudar esse negro, forte, destemido, que também é inocente, pé no chão, como, sabiamente, observou o MESTRE Nelson Sargento.
Essa música, estilo de vida, que nos deixa mais felizes. Que planta sorrisos e amizades; acalanto pra dias tão difíceis.

Ontem, fui dormir com febre, tossindo, dor de barriga. Hoje, tô sentindo que o vigor tá voltando. Será a energia desse dia especial?!

Se bobear, pego o trem na Central e me mando pra Osvaldo Cruz.

VIVA O SAMBA, cumpade!

Entendimentos

Nas minhas últimas postagens, andei fazendo críticas ao Daniel Pereira.
Pois bem, o Daniel me mandou um e-mail bem amistoso (ao mesmo tempo se defendendo das minhas críticas).
Respondi ao Daniel de forma bem tranqüila.
Percebo que, nesse meio cibernético, corremos o risco de criar inimizades desnecessárias.
Afinal, o mundo seria uma babaquice se todo mundo pensasse da mesma forma.
Abraços! Até!

Domingo na Toca

Esse domingo que passou, minha cumadre Verônica (ela é, de fato, madrinha do meu filho) comemorou seu aniversário no samba da Toca da Gambá, aqui em Nikity.

Já falei aqui que a Toca é show de bola! Roda comandada pelo grupo Samba da Amendoeira, pessoal gente boa da Engenhoca; bota pra quebrar!

Ainda teve a participação especial do Juninho Thibau. Muito bom o rapaz! Incendiou mais ainda a roda.

Acho que a Toca, hoje, é a melhor casa de samba de Niterói. Sábado que vem (28/11) vai ter feijoada de comemoração dos 23 anos da casa. Mas tem uma parada: a atração principal é o Daniel Pereira. Nunca vi o cara cantando, mas não tenho empatia com sambista que diz no seu blog (hospedado no site do jornal O Dia) que tem nojo da galera suada no Trem do Samba.

Questão de identificação. Empatia mesmo.

Abraços na galera!

20 de Novembro

O Dia da Consciência Negra é SIM muito significativo. Quem diz que consciência não tem cor, que critica esse dia, não saca a luta do movimento negro em reverter 400 anos de escravidão. A liberdade "formal" da negritude tem pouco mais de 100 anos. Digo "formal", porque a Lei Auréa não formulou nenhuma política de compensação. "Soltou" o negro e mandou ele se virar na vida.

Daniel Pereira falou que Dia da Consciência Negra é coisa de sociedade atrasada. Os EUA, tão admirado pelas pessoas que se intitulam legais, não-chatas, mantém uma forte política de cotas. Os "legais" sempre criticam a galera que vai mais a fundo numa discussão; são logo taxados de chatos.

Nota DEZ pra MPB FM que, na sexta, tratou do assunto num programa com Martinho da Vila.

Santo Antônio de Pádua - RJ

Andei estressado nas últimas semanas. Labuta pegando fogo! Várias coisas pra resolver. Não, não vou detalhar os acontecimentos do trabalho.

Só sei que nesse feriado de sexta, arrumei a mochila e fui pra minha querida Santo Antônio de Pádua, no noroeste fluminense (divisa com Minas). Tava precisando da calmaria de Pádua, do convívio com a família Peixoto, no precioso bairro de São José.

Tava lembrando que a primeira vez que tive contato de perto com escola de samba foi nessa cidade do interior. A quadra da agremiação ficava quase em frente a casa da minha avó. Fui a vários ensaios e desfilei pela escola, que se chamava Unidos das 4 Bocas. Eu devia ter uns 11 anos. Valorosa lembrança!

sábado, 14 de novembro de 2009

Toninho no Quintal

Pessoal,

Hoje, sábado, tem Toninho Geraes no Quintal de Jorge, aqui em Niterói. Fica em Itaipú.
Toninho incendeia qualquer roda. É uma fera das composições. Vejamos: Seu balancê, Uma prova de amor, Mulheres, É de maré, Amor e festança - tudo composição do mineiro.

Além do talento pra escrever, o Geraes, quando tá no palco, tem presença forte, energizado, bota pra quebrar mesmo!

O Quintal de Jorge é um lugar que lembra o início do Candongueiro (antes de ficar pop). Bem à vontade, o que vale é o samba!
O site da casa é www.quintaldejorge.com

Até.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Reflexão do fim de semana

Luiz Antonio Simas postou, no seu blog, um dos melhores textos que li esse ano. O blog dele é o Histórias Brasileiras - hisbrasileiras.blogspot.com
Peço licença ao Simas pra publicar o texto, na íntegra.
Pessoal, vamos ler, refletir e nos deliciar.


DO PORTO AO BOTEQUIM - UM CHAMADO AO BOM COMBATE

Ando cabreiro com algumas coisas que estão acontecendo nas ruas cariocas. Aqui perto de casa, por exemplo, as notícias não são das melhores. Um botequim que costumo frequentar, o Bar do Chico, inventou uma reforma meio mandrake, que incluiu pizza no cardápio, visual moderninho, garçom de gravata e, é claro, aumento dos preços dos produtos. Botequim, já não é mais. Periga virar um playground de bêbados com rodízio de pizza depois das seis da tarde.

A reforma da Zona Portuária do Rio de Janeiro também está começando a cheirar mal [sinto um futum de bota-abaixo no ar, com o espectro do Pereira Passos circundando a Guanabara]. Os projetos que vi até agora parecem querer transformar a velha Praça Mauá numa mistura entre dois monstrengos desalmados: Puerto Madero, na Argentina, e a falecida Lapa, aqui mesmo.

Puerto Madero é quase a Barra da Tijuca platina - uma área com ambientes contemporâneos [seja lá o que for esse diabo], com uma concepção de assepsia urbana que abriga restaurantes caros, decorados de formas mequetrefes e cheios de novos ricos. Uma reforma sem caráter, eis o que me pareceu. Duvido que o fantasma de Carlos Gardel caminhe naquelas plagas.

A Lapa, por sua vez, agoniza. Virou valhacouto de adultescentes, simulacro de berço do samba, com bares que vendem bebidas por preços proibitivos e que visualmente lembram a lanchonete da entrada do Memorial do Carmo, no cemitério vertical do Caju - um lugar mais digno para se beber, diga-se.

O Nova Capela [cada vez mais Nova e menos Capela ] hoje é atração turística para uns basbaques que encaram uma ida ao velho bar como uma espécie de safari no Quênia e saem dizendo que foi uma experiência inesquecível. O Bar Brasil resiste com bravura, mas até quando?

Eu quero saber o seguinte: O poder público está escutando os moradores da Zona Portuária? A ideia é fazer da Praça Mauá um centro financeiro que mande pro lixo a história fabulosa da região? Que venha a revitalização, mas revitalizar é criar um um marco zero de gosto duvidoso, com mais de cinquenta andares, ou recuperar a grandeza da tradição e da memória do cais e de sua gente?

Como estou encafifado com esses troços, reli dia desses um arrazoado que escrevi faz tempo sobre a agonia dos nossos botequins de fé e a necessidade quase quixotesca de se lutar pela preservação de um certo modo de vivenciar a cidade e o bar. São aquelas reflexões que, em boa parte, retomo nesse texto.

Faço isso porque esse combate me parece mais urgente do que nunca. As reformas na região do porto, misturadas ao balacobaco das obras para preparar a cidade para as Olimpíadas de 2016, me fazem ficar com um olho no cavalo, que é bonito, e outro na bosta do bicho, que fede pácas.
Vivemos, e isso não é novidade alguma, tempos de uniformização dos costumes, fruto deste tal de mundo globalizado. Em cada canto desse mundaréu, ligado por redes transnacionais de telecomunicações, as pessoas assistem aos mesmos filmes, vestem as mesmas roupas, ouvem as mesmas músicas, falam o mesmo idioma, cultuam os mesmos ídolos e se comunicam em cento e quarenta toques virtuais.

Nessa espécie de culto profano, em que a vida cotidiana é regida pelos rituais em louvor ao mercado que não é o de Madureira, o bicho pega e as ideias morrem, como outro dia morreu de morte matada o acento em ideia, sem choro nem vela e sem a dignidade de um samba do Noel.
Eu, que trabalho com adolescentes e adultos jovens, percebo que as crenças e projeções de futuro da rapaziada foram substituídas pelo pânico cotidiano - do assalto e das doenças, no âmbito pessoal, às catastrofes ambientais, na esfera coletiva. Cria-se uma lógica perversa : Como posso morrer de bala perdida, pegar gripe suína ou sucumbir ao aquecimento global, preciso viver intensamente o dia de hoje.

Ocorre que essa valorização extremada do tempo presente é acompanhada pela morte das utopias coletivas de projeção do futuro. Não há mais futuro a ser planejado. Somos guiados pelos ritos do mercado e abandonamos o mundo do pensamento, onde se projetam perspectivas e são moldadas as diferenças.

Restam hoje, talvez, duas tristes utopias individuais, em meio ao fracasso dos sonhos coletivos - a de que seremos capazes de consumir o produto tal, cheio de salamaleques, e a de que poderemos ter o corpo perfeito.

Transformam-se , nesse tempos depressivos, os shoppings centers e as acadêmias de ginástica nos espaços de exercício dessas utopias tortas, onde podemos comprar produtos e moldar o corpo aos padrões da cultura contemporânea - o corpo-máquina dos atletas ou o corpo-esquálido das modelos. É a procura da felicidade que não tem, como na esquecida e sábia canção natalina. E tome de caixinhas de Prozac no sapatinho na janela.

É aí, e eu queria falar disso desde o início, que localizo na minha cidade de São Sebastião o espaço de resistência a esses padrões uniformes do mundo global - o botequim. Ele, o velho buteco, o pé-sujo, é a ágora carioca. O botequim é o país onde não há grifes, não há o corpo-máquina, o corpo-em-si-mesmo, a vitrine, o mercado pairando como um deus a exigir que se cumpram seus rituais.

O buteco é a casa do mal gosto, do disforme, do arroto, da barriga indecente, da grosseria, do afeto, da gentileza, da proximidade, do debate, da exposição das fraquezas, da dor de corno, da festa do novo amor, da comemoração do gol, do exercício, enfim, de uma forma de cidadania muito peculiar. É a República de fato dos homens comuns - cenário não habitado pelos personagens de novelas do Manoel Carlos.

É nessa perspectiva que vejo a luta pela preservação da cultura do buteco como algo com uma dimensão muito mais ampla que o simples exercício de combate aos bares de grife que , como praga, pululam pela cidade e se espalham como metástase urbana.

A luta pelo buteco é a possibilidade de manter viva a crença na praça popular, espaço de geração de ideias e utopias - sem viadagens intelectuais, mas fundadas na sabedoria dos que têm pouco e precisam inventar a vida - que possam nos regenerar da falência de uma (des)humanidade que limita-se a sonhar com o tênis novo e o corpo moldado, não como conquista da saúde, mas como simples egolatria incrementada com bombas e anabolizantes cavalares.

O botequim é, portanto, e não abro mão do hífen, o anti-shopping center, a anti-globalização, a recusa mais veemente ao corpo-máquina dos atletas olímpicos ou ao corpo pau-de-virar tripa das anoréxicas - corpos que se confundem na doença comum desse mundo desencantado: Metáforas da morte.

Ali, no velho buteco, entre garrafas vazias, chinelos de dedo, copos americanos, pratos feitos e petiscos gordurosos, no mar de barrigas indecentes, onde São Jorge é o protetor e mercado é só a feira da esquina, a vida resiste aos desmandos da uniformização e o Homem é restituído ao que há de mais valente e humano na sua trajetória - a capacidade de sonhar seus delírios, festejar e afogar suas dores nas ampolas geladas feito cu de foca. É onde a alma da cidade grita a resistência : Laroiê !

Esse combate, amigos, é muito mais significativo do que imaginam os arautos modernosos e seus programadores visuais.

Botequim tem alma, é entidade, feito os trapiches e sobrados do cais do porto em noite de lua cheia.

Babaquices do Caetano

Caetano Veloso, em entrevista ao Estadão, fez elogios a Marina Silva e chamou o Lula de analfabeto.
Mais um de seus bordões desnecessários.
Lamentável, babaquinha.
Gosto de suas músicas, mas admiração pessoal passa longe!
Caetano já foi tropicalista transgressor e hoje é queridinho da burguesia.


Até.