Alô rapaziada!
Semana passada foi puxada..audiência em Campos, audiência em Vitória...labuta!!
No trajeto Campos - Vitória peguei um ônibus da Itapemirim - destino final era Aracaju.
O ônibus não era confortável e parecia que não havia sido higienizado. Me parece que a empresa não liga muito para as condições do transporte que carrega a gente simples do Nordeste. Os céticos vão dizer que é pra baratear a passagem...tsc!
E é sobre a gente simples do Nordeste que eu queria falar um pouco. Reparei na felicidade daquele pessoal por estar viajando pra terra mãe.
Na verdade quem chamou a atenção foi um senhor (parecia ter uns 60 anos). Pois bem, ele pegou o ônibus em Cachoeiro de Itapemirim. No início ficou "na dele", depois passou a confraternizar com quase todo o ônibus.
Começou explicando que havia pego o transporte errado; que comprou a passagem pra Aracaju e estranhou quando o ônibus teve sua parada final em Cachoeiro. A rapaziada se entusiasmou com a conversa - o coroa, de fato, era muito engraçado. Disse que não admitia ser "barrado no baile"; seu objetivo era ir pra Aracaju; que a culpa foi do motorista que não conferiu sua passagem.
Estabelecido o diálogo, o "trabalho" uniu o senhor ao restante da rapaziada; quase todos eram operários em obras no Estado do Rio. Disseram que a comida daqui não tem o mesmo gosto da comida do "Norte" - a carne de boi daqui não é igual a carne de lá...
Daí me veio uma importante observação do coroa: "não se deve menosprezar nenhum tipo de alimento, que é obra de Deus". Sabedoria de quem, com certeza, já passou por momentos difíceis.
Outro ponto interessante foi o comentário de que se não fosse a seca, ele não teria nenhuma vontade de sair da sua terra.
Desci em Vitória, mas o entrosamento estava tanto que o senhor já estava trocando contatos com os garotos para futuros serviços em obras que estariam por vir. Outro ponto de solidariedade que achei interessante.
O texto tá se alongando, mas gostaria de compartilhar algumas coisas.
Acho que quem é do Rio ainda é muito preconceituoso com o Nordeste (e os nordestinos). Acho que o carioca, às vezes, é muito cruel. Vende a imagem de boa praça, mas não hesita em taxar logo a turma de paraíba.
Lembro do filme Gonzaga, que emocionou pra caramba. O Rei do Baião despontou (ganhou o Brasil) quando assumiu suas origens, assumiu a figura do nordestino, cantou as coisas do Nordeste e encantou todo mundo.
Lembro do Malandro da Umbanda, que se fez malandro na Lapa, no Estácio, na boemia do Rio, mas sua origem me parece que é nordestina. Não é isso Malandro Baiano? O líder da falange dos malandros da Casa do Caboclo Sete Flechas. Ou até mesmo Seu Zé Pelintra - que acho que não nasceu nas bandas daqui, mas nas bandas do "Norte". E o catimbó? Quero saber mais sobre o catimbó.
Bem, vou parar por aqui. Deixo em aberto essas provocações. Continuemos...
Abraços!!
PS: Aproveitando que toquei no assunto, informo aos navegantes que o PROFESSOR Luiz Antonio Simas irá proferir o CURSO "MALANDRAGEM: MITO E HISTÓRIA". Seguem comentários do Simas:
"Amigos, nas duas primeiras semanas de maio oferecerei, na livraria Al-Farabi, um curso sobre a História da malandragem no Rio de Janeiro, um tema que venho pesquisando com mais rigor. O curso ocorrerá aos sábados, no horário da manhã, com vagas limitadas. As aulas custarão R$ 100,00 por cabeça e as inscrições podem ser feitas na própria livraria - Rua do Rosário, 30 - ou pelo telefone 22330879. Vejam abaixo o programa:
TEMAS ABORDADOS:
- As origens da malandragem no Rio de Janeiro do pós-abolição.
- O Malandro na estrutura social carioca: entre a exclusão social e a ética do não-trabalho.
- A lei de vadiagem de 1890 e a criminalização do malandro: das pernadas da capoeira aos batuques dos sambas.
- Madame Satã e Zé Pelintra: O malandro no território da História e o malandro no território do mito.
-A geografia da malandragem: Estácio de Sá, Lapa, Praça Mauá, Zona do Mangue, rodas de samba e terreiros de macumba na Primeira República.
- A Era Vargas e a ética do trabalho: o malandro morreu?"
Cabeças cortadas
Há 2 anos
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